Estruturado como um romance policial, Akhenaton, o rei herege é uma espécie de expedição arqueológica cujo objetivo é trazer à tona as verdades de um dos períodos mais turvos da história egípcia. À frente dessas escavações literárias está o jovem Miri-Mon, que resolveu entrevistar cada um dos personagens envolvidos naquela conspiração e fazer “como a História, que escuta tudo o que se fala e não se curva a ninguém, para entregar a pura verdade àqueles que a observam”. De modo semelhante, o destemido Mahfuz se tornou a própria consciência do Oriente Médio, construindo uma obra de natureza plural, que transitava desde os romances históricos, como este, até a literatura do absurdo e passando pela engajada fase da trilogia do Cairo. Até ser calada pela milenar estupidez humana.
“Com um trabalho rico em nuanças, ora claramente realístico, ora evocativamente ambíguo, ele fundou uma arte narrativa árabe que vale para toda a humanidade.” —Academia Sueca, sobre a concessão do Prêmio Nobel a Naguib Mahfuz